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Programa
Hélio Oiticica

Além do conceito de exposição o Programa Hélio Oiticica, que ocupa o Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, é um processo experimental  da construção de uma série de obras e performances inéditas de Hélio Oiticica.

 

O Penetrável Nº 1 foi a obra que iniciou a participação direta na obra de arte. O Projeto Cães de Caça já em  1960, ainda não realizado em escala real, colocou essa participação em um tamanho arquitetônico e principalmente urbanístico. Já nessa maquete a ideia de um diálogo transversal, coletivo, incluindo a poesia de Ferreira Gullar e o Teatro Integral de Reynaldo Jardim, deixando claro o caráter dessas obras.

 

O Lançamento desse programa é um chamamento para toda a população, em especial aos artistas para a participação ativa nesse processo. Um processo coletivo que pretende conectar artes visuais, teatro, música, arquitetura, poesia, dança, inovação, diversidade, sustentabilidade, permacultura, yoga, física, e muitos outros campos do conhecimento, sendo o centro desse processo de transformação da maneira de apresentar a obra de Oiticica. 

 

O processo criativo de Hélio Oiticica era o que ele batizou de “Delirium Ambulatório”, que consistia em andar pela cidade, em especial o Rio de Janeiro, mas também mais tarde, Londres e Nova York, nessas  caminhadas descobrir, vislumbrar a arte que acontece no agora, na vida. A partir desses vislumbres, surgiam as obras, anotadas em desenhos e textos, feitos em pequenos cartões e depois desenvolvidas em cadernos e em textos mais trabalhados. Devolver esses delírios a cidade que o inspirou desde criança, agora como um delírio concerto, impulsionando a revitalização dessa mesma cidade é uma proeza ,que só mesmo sua obra, pode operar.

 

 Para além do diálogo estético, esse legado nos deixa a grande lição política, que as grandes inovações sempre dependem da ação direta e da união de diversas vertentes da sociedade. Para além do momento é uma intervenção na essência dessas ações. Não é à toa que Hélio era neto de um dos maiores pensadores anarquistas do Brasil.

 

Para explorar ao máximo essas obras abertas, será feita uma chamada a artistas, professores, performers, das mais diferentes vertentes, teatro, dança, música, moda, artes visuais, poesia,  que vão ativar esses trabalhos, de um lado atendendo ao que foi proposto originalmente pelo artista, de outro atualizando essas proposições, tornando-os organismos vivos da arte em um diálogo permanente com a cidade.

                                                       César Oiticica Filho

Diretor Artístico 

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